segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OLIMPÍADA JOANINA: (O SÃO JOÃO DA MINHA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA)

Crônica sobre a tradicional batalha de fogos que acontece em Cruz das Almas, todos os anos, a 24 de junho, quando aqui atingem o clímax os festejos juninos.

Mario Pinto da Cunha, junho/1957.

 
      Bárbaro, semibárbaro, selvagem ou não, respeitados os sentimentos e as opiniões que despertam e originam, abstraídas certas naturais restrições e considerando do ângulo estético, temos de convir que é algo digno de ver-se, essa arrojada acrobacia faiscante e policrômica das "espadas", nas olimpíadas disputadas nos dias dos festejos joaninos, e que serve de palco à nossa principal praça, a Municipal. E temos de reconhecer também, que já estão ganhando fama, fazendo "astros" e escola, a técnica, a perícia e a audácia dos aficionados do original esporte, que tem algo de espartano.
       Espetáculo digno de ver-se, essa orgia louca de fogos, que cedo se inicia, intensificando-se gradualmente, para atingir o ponto máximo em intensidade e beleza quando jovens, adultos e quase crianças empenham-se nestes fogos florais, a esgrimirem em combates singulares ora em grupos, por vezes em "comandos" ou incursões solitárias, mas sempre a investirem, sem tergiversações nem temores, gládios flamejantes em punho, contra os alvos que lhe antepõem os outros preliantes, isolados ou não, sem atentarem nos perigos nem se cuidarem dos riscos ou danos físicos, relampejando fagulhas e chamas, quais iracundas potestades ou humanos arcanjos.
       Dignas de ver-se, realmente, a calma, a precisão, a elegância com que investem e negaceiam, atacam, defendem-se e contra atacam, seguros e serenos, tripudiando sobre os répteis de fogo, dominando-os e devolvendo-os, com elegantes passes de toureador.
        Se alguns, acrobatas e trapezistas aerodinâmicos, esmeram-se e estremam-se, librando-se em airosos remígios ou formando estranhas figuras geométricas, outros há que se exibem a saltitar, aos jatos, quais minúsculos dragões apocalípticos, em fúrias inúteis-salamandras vencidas, nos estertores agônicos.
        E contemplareis, enfim, em meio às rajadas de fogo e cortinas de fumaça, os pequenos gavroches que formam espetáculo à parte, disputando os despojos da refrega que são os troféus dessa original e especializada olimpíada joanina.

       

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

HISTÓRICO DA FAZENDA CAMPO LIMPO


Em 1865 a Família Passos de origem Portuguesa, vinda das terras de Loulé e Querença, chegaram ao Brasil, em terras do Recôncavo da Bahia, e se instalaram no município de Cruz das Almas. E, exatamente a 156 km da Capital Salvador-Ba, e 6 km do centro de Cruz das Almas, cidade fundada por esta família de poetas e políticos, os Passos construíram seu santuário – a Sede da Fazenda Campo Limpo -, lugar onde nasceram e cantaram os poetas: Jacinta Passos, Manoel Caetano Filho, Renato Passos e Luciano Passos.
A poetisa Jacinta Passos, nascida em novembro de 1914, e falecida em fevereiro de 1973, teve neste espaço de tempo, uma vida poética, política, de mãe, e mulher, com intensos movimentos, e buscas com um único objetivo: justiça social e o amor.
Viveram no Campo Limpo:
Senador Temístocles da Rocha Passos, e família
Manoel Caetano Oliveira Passos e família
Manoel Caetano Passos Filho e irmãos
Jacinta Passos e irmãs
Alberto Passos e família
Ramiro Eloy Passos e família
Luciano Passos e família.
A Fazenda pertence hoje a viúva de Luciano Passos, a poetisa Lita Passos e seus filhos Lucas e Bárbara Passos.

A escritora JANAINA AMADO visita o CAMPO LIMPO



POEMA DE LUCIANO PASSOS

FAZENDA CAMPO LIMPO

A minha infância escorreu em espumas

nas águas turvas do Rio da Areia

subiu no topo do velho tamarineiro

buscou o gado, cavalgando em pêlo.

A minha infância caçou passarinhos

andou descalça e abriu caminhos

que levavam sempre à porta amiga

da branca e majestosa casa antiga.

A minha infância enfrentou bois bravos

ouviu estórias de tristes lobisomens

bebeu na fonte, escalou os montes

pisou em terras onde pisaram escravos.

A minha infância viu o verde fumo

secando ao sol no limpo dos terreiros

colheu laranjas amarelo ouro

que pontilhavam em laranjais inteiros.

A minha infância nadou na represa

flertou o poente e namorou a aurora

sentiu no rosto o vento das manhãs

e temeu sempre o dia de ir embora

A minha infância adormeceu na rede

embalada pelo canto de cigarras em agonia

sonhou azul em seu mundo verde

e acordou junto com um novo dia.

A minha infância despertou adulta

deixou o campo, caminhou no asfalto

usou gravata, agenda e sapato

e hoje brinca entre as molduras de um retrato.

LUCIANO PASSOS

CERTIDÃO DE TOMBAMENTO

O CASARÃO



O QUE É O INSTITUTO CAMPO LIMPO?



O INSTITUTO tem natureza cultural, sem quaisquer sectarismo de caráter religioso, político, ideológico ou partidário e possui como objeto fundamental atuar na área de proteção ambiental e cultural, buscando novas percepções e opções para prevenção, preservação e recuperação do meio ambiente e cultura, através de estabelecimento de canais de comunicação com a comunidade, de atividades de conscientização e educação e da promoção de pesquisas e trabalhos de campo que façam com que a comunidade evolua na sua consciência ecológica, em programas de desenvolvimento social local, regional, nacional ou internacional, a serem estabelecidos pelo INSTITUTO.